Em busca de uma solução

Todo ano é a mesma coisa. Sai o listão dos aprovados no vestibular da UFSM, e os bixos começam a festejar, primeiro com a família e os amigos, em suas cidades, depois, todos juntos, no mesmo lugar: a Praça Saturnino de Brito, em Santa Maria. Há mais de uma década, o cenário é o mesmo. O Centro fica cheio da alegria e do entusiasmo de uma gurizada (da Federal e de outros lugares) que quer brindar e confraternizar. As ruas Duque de Caxias e Bozano ficam fechadas, motoristas não conseguem passar, moradores do entorno não conseguem chegar em casa, casos de violência são registrados. E, quando os gritos e as músicas vão embora, ficam a sujeira e o cheiro de xixi e muitas reclamações _ inclusive dos estudantes, que garantem que queriam um lugar mais legal para a diversão. Mas, se a praça não é o local ideal e se incomoda todos os envolvidos, qual é a solução?

Para os estudantes, um espaço, ainda que afastado, com banheiros e cerveja barata é o caminho. Mas universidades, prefeitura, Brigada Militar e empresários não parecem ter encontrado uma força comum para promover um trote animado para quem quer e sossegado para quem precisa. 
  
O Diário ouviu cerca de 30 estudantes sobre o trote na Saturnino na noite da última quinta-feira _ 27 reclamaram da falta de estrutura e de segurança e disseram que, se tivessem um local melhor para ir, que oferecesse boas condições, não pensariam duas vezes antes de deixar a praça. A única ressalva por parte de bixos e veteranos diz respeito ao local para o evento: gostariam que fosse perto do Centro. Essa é, para eles, a grande vantagem da reunião na Saturnino _ é perto de casa. Durante a conversa da reportagem com os estudantes, apareceram diversas sugestões de espaços alternativos: a gare, o Parque Itaimbé e até mesmo o Centro de Eventos da UFSM, se não tiver como fugir da distância.

Frases como "se tiver estrutura e segurança, a gente acolhe, a gente vai", "eu não trago nada para a praça, porque é perigoso e, além disso, temos medo de um acidente com esse tanto de carro passando" e até mesmo "vão esperar uma nova tragédia acontecer para oferecerem um espaço legal onde a gente possa celebrar essa nova fase da vida?" foram repetidas por diferentes calouros e veteranos. 

Brigada Militar diz que já falou em alternativas no ano passado

Conforme o tenente-coronel Sidenir Cardoso, comandante do 1º Regimento de Polícia Montada da Brigada Militar, uma alternativa para a bixarada já foi discutida no ano passado, em uma das reuniões do Gabinete de Gestão Integrada para Segurança Pública (GGIM). Na ocasião, Cardoso diz que apontou a gare como uma possível alternativa para o problema. Segundo ele, mesmo situado no coração da cidade, o espaço não causa problemas quanto ao barulho e bastaria colocar por lá as condições mínimas de infraestrutura, em especial, banheiros.

_ Dei essa ideia porque os jovens precisam de um espaço. É uma experiência, pois precisa saber se os jovens irão aderir, porém, alguém precisa tomar a iniciativa  _ comenta o comandante.

Universidades e empresários divergem quanto ao que seria a solução ideal e apontam a prefeitura como o órgão responsável para encontrar essa saída. Já o Executivo admite que ainda não conseguiu elaborar uma proposta eficiente e definitiva para a questão (leia abaixo).

O professor Dejalma Cremonese, doutor em Ciências Sociais da UFSM, diz que o assunto é delicado e deve ser tratado com cuidado. Ele traz a questão de que o jovem tem naturalmente a necessidade de conviver e estar integrado em grupo social. Baseado nisso, quando se tem esse conflito na cidade, fica evidenciada a falta de opção desses jovens.

_ O espaço público inevitavelmente tem por finalidade e por direito ser ocupado, mas deve haver limites para isso. Se outro sentir seu direito de transitar e conviver ferido, deve-se repensar _ acrescenta o professor.

Para Cremonese, a o"